Quem de nós nunca foi afetado por uma crença e, depois de um certo tempo, descobriu que a mesma não fazia o menor sentido? Eu fui! Por exemplo, da infância até os vinte anos de idade eu acreditava que misturar leite com manga fazia mal à saúde e, por isso, jamais ousei misturar. Eu também acreditava que água com açúcar poderia acalmar uma pessoa nervosa... Olhe só! Eu tinha essas e muitas outras crenças. Todos nós temos.
Mas o que são crenças? São opiniões e pensamentos que uma pessoa aceita como verdade absoluta. E por que as crenças são tão limitantes? Porque são apenas interpretações que tomamos por verdadeiras, mas que se tornam extremamente perigosas e prejudiciais quando são falsas. Sim, o fato de acreditarmos em algo, não significa que esse algo seja verdade. No meu caso, a crença de não misturar leite com manga limitou-me de um boa e saudável combinação nutritiva, e logo eu que amo uma vitamina de frutas. E a crença da água com açúcar, não resolveu em nada o nervosismo das pessoas que tentava ajudar e acalmar.
Afinal de onde surgem as crenças? São construídas ao longo de nossa vida, através de nossos relacionamentos, nossa família, nossos amigos, nossos vizinhos, nossa cultura e fortemente influenciadas pelas pessoas com quem estudamos e trabalhamos e passamos a maior parte do nosso tempo. Nós mesmos podemos criar uma crença limitante e passar isso adiante influenciando outros. Toda essa interação com os outros formam nosso caráter, nossas ideias e ideais.
Mas que mal há em eu ter uma crença? Nenhum, desde que ela passe pelo senso crítico e analítico da pesquisa sobre o assunto ou que você sempre questione as fontes e sua veracidade. Agora, muito cuidado com as crenças que são criadas e transmitidas de geração em geração que não possuem nenhum embasamento científico ou nenhuma lógica.
A grande questão são as consequências de acreditar em crenças infundadas, pois elas interferem em nossos pensamentos e ações, podendo limitar nossas possibilidades de realizações. Uma crença limitante não só distorce nosso julgamento sobre o certo e o errado sobre determinado assunto, como impede algumas ações e experiências em vida, leva à paralisia e a criação de preconceitos.
A paralisação de atitudes criada pela crença limitante consiste basicamente no adiamento de uma atitude que a pessoa sabe que deveria assumir, que muitas vezes é confundida com falta de motivação ou preguiça. A crença de que “é tarde demais para tentar mudar as coisas”, trata-se de uma crença limitante bem comum, que é aceita por alguns e os impede de realizarem os esforços necessários para mudar algo em suas vidas. Outros não possuem essa crença limitante ou já se libertaram dela e assim acabam virando exemplos de vida e notícias. Quem nunca viu e se emocionou ao ver uma pessoa idosa realizar um sonho de formar-se na graduação? Ou nunca viu aquela pessoa que vivia na pobreza conseguir estudar e adquirir oportunidades melhores na vida? Ou ainda nunca viu uma notícia de uma pessoa com limitações físicas superar até mesmo pessoas saudáveis em certas atividades?
Agora vamos falar sobre outra crença limitante bem conhecida que é a de “se você não nasceu rico, provavelmente nunca será rico”. Será que essa crença é mesmo verdade? Que tal pesquisar sobre o assunto? Com certeza encontrará nomes tais como George Soros, Leonardo Del Vecchio, Do Won Chang, Oprah Winfrey, entre outros. Quer exemplos aqui no Brasil? Tem o Samuel Klein, Guilherme Leal, Antonio Saraiva, Luiza Trajano, entre outros. Exemplos de pessoas que saíram de condições desfavoráveis, alguns até mais pobres do que eu e você foram e não só ficaram ricos, mas construíram fortuna, criaram soluções para a sociedade, progresso, empregos e histórias. A verdade é que há mais pessoas que saíram da pobreza e tornaram-se ricos do que pessoas que herdaram riquezas e continuaram ricos.
E as crenças sobre o dinheiro, riqueza, números, sonhos? Será que elas afetam a nossa vida? Pelo quarto ano consecutivo, a taxa de famílias endividadas no Brasil ultrapassa a marca dos 60%, sendo o cartão de créditos o maior responsável pelas dívidas.
Casa e automóvel não se compram com cartão de crédito, certo? Então há uma clara evidência de que o endividamento é efeito colateral da falta de Educação Financeira. E por que então as pessoas não buscam Educação Financeira? Será que não pode ser efeito das crenças limitantes comuns: “eu não tenho tempo”, “eu não tenho dinheiro”, “eu não entendo de números”?
A falta de busca por Educação Financeira não pode ser justificada pela falta de tempo, visto que muitos dos conteúdos educacionais financeiros são curtos e em linguagem simples e podem ser apenas lidos rapidamente ou escutados em alguns minutos. Conteúdo sobre o assunto tem sido muito transmitido através de uma simples frase, artigos, exemplos, infográficos, que normalmente recebem menos curtidas de que foto de animais fofos nas redes sociais.
Ter Educação Financeira custa caro? Grande quantidade de livros e cursos possuem um valor inferior a duzentos reais e outra grande quantidade de conteúdo é possível acessar gratuitamente através de livros, vídeos ou conteúdos gerados por profissionais financeiros.
A dificuldade em lidar com números também é uma crença limitante muito prejudicial. “Eu não fui bem em matemática na infância, então não posso estudar engenharia”. Se você sabe somar, diminuir, dividir e subtrair, conhece e entende sim os números, aí é só praticar essas regras simples ao cuidar do seu próprio dinheiro.
A crença limita a pessoa de agir, de ler, ouvir, praticar a educação financeira. E essas crenças podem ser conscientes ou inconscientes, a pessoa pode admitir que tem ou nem perceber que ela afeta profundamente sua vida. Médicos e nutricionistas até hoje precisam explicar que algumas crenças de seus pacientes não são comprovadas cientificamente e não fazem sentido. E no campo da saúde financeira, digo o mesmo, todos os meses, há mais de sete anos ajudo pessoas a combater crenças limitantes relacionadas ao dinheiro e a levar a Educação Financeira ao alcance de todos.
Se você não tem um planejamento financeiro, que consiste em ter um controle do seu dinheiro, ou seja, não sabe exatamente quanto ganha, não sabe quanto gasta, onde gasta, não sobra nada mensalmente ou nem sabe se sobra ou se falta, não tem reserva de emergência, não tem seus sonhos de consumo e viagem alistados no controle financeiro; você provavelmente tem alguma crença que está o limitando de buscar a Educação Financeira e assim ter um controle eficiente de seu dinheiro e de sua vida. Tudo envolve dinheiro, senão é o seu, é o de alguém. E não se engane, quando deixamos as crenças limitantes de lado e assumimos o controle de nosso próprio dinheiro e das nossas finanças, é quando assumimos o real controle e aumentamos a chance de criar abundância na nossa vida.
Buscar conhecimentos, atualizar-se e fazer mudanças são as grandes atitudes que farão toda a diferença, e a educação financeira é um processo contínuo, para alguns mais lento, para outros mais rápido, o importante é movimentar-se e sair da inércia. Para esse processo, recomendo a leitura de livros, artigos de especialistas em finanças, realizar cursos presenciais e on-line. E não esqueçam de praticar. Ninguém aprende a cozinhar ou nadar somente lendo livros. Boa sorte em sua jornada!
Sobre a autora: Sheila Czelusniak é Administradora graduada pela Universidade Positivo, com extensão em Administração Sustentável pela UNINDUS/UFPR. Consultora certificada na metodologia de Investigação Apreciativa, pela Case Western University.
É co-criadora do Empoderamento Financeiro onde ajuda as pessoas a desenvolver a Inteligência Financeira e a aprender a Investir. É co-realizadora do curso Finanças para Empreendedores onde pequenos e médios empresários aprendem a fazer a gestão financeira dos seus negócios. Na Update Consultoria, seja virtualmente ou presencialmente, ajuda empreendedores e profissionais com treinamentos, investigação apreciativa, plano de negócios, plano financeiro, planejamento estratégico e finanças pessoais. Apaixonada por questões relacionadas ao desenvolvimento humano e sustentabilidade, acredita no poder das palavras e do positivismo na transformação de pessoas e organizações.
Comments