A educação financeira e o planejamento financeiro são essenciais à vida. Eles evitam problemas, stress, dores de cabeça, promovem segurança e favorecem um sono mais tranquilo em tempos de crise. Atualmente a crise do Covid-19 está trazendo dificuldades financeiras para um número enorme de pessoas, mas a culpa nesse caso não é somente do vírus, mas também pela falta de planejamento e pela falta de educação e inteligência financeira, que quase nunca são prioridade na vida do brasileiro. Claro que o mundo ideal seria as pessoas terem a consciência da boa gestão financeira pessoal e empresarial sem ter de passar pelas dores. Contudo, muitas vezes, é exatamente na dor (na crise e na dificuldade) que a falta de um bom planejamento financeiro e anos de decisões erradas em relação ao dinheiro se tornam mais evidentes. Por isso, muitas pessoas e empresas buscam esse conhecimento, e até mesmo ajuda profissional, somente nos períodos difíceis, quando na verdade isso deveria ser prioridade durante todos os momentos da vida. Separei aqui nove lições que esse momento de crise e dificuldade nos ensinam, que se internalizadas, nos ajudarão a corrigir o que for necessário agora para nos garantir uma situação muito melhor no futuro.
Lição 1: Sempre tenha um planejamento financeiro
Seja em momentos de crise ou não, é essencial que você saiba qual é sua renda e quais são todos os seus gastos ao longo do mês. Para isso você vai precisar ter o controle e o registro de tudo o que acontece com seu dinheiro e para onde ele vai, seja no papel, seja numa planilha, seja na Olívia.
Com os registros dos gastos em dia e a correta categorização deles, você vai ter a visibilidade de qual é a sua situação financeira atual. A partir desse ponto, você deve fazer a projeção dessas contas de receita e custos para os próximos meses e incluir eventuais gastos futuros que você já sabe que vão ocorrer, ou seja, você vai montar o seu plano financeiro futuro, o seu orçamento.
Em termos práticos você vai saber se a sua vida financeira vai ser lucrativa ou não nos próximos meses, se será necessário fazer algum ajuste ou algum corte de despesas e etc, para não ficar no vermelho.
Ao longo dos meses você vai fazer a comparação das finanças do seu mês atual versus o que esperava desse mês no seu orçamento, sempre se questionando:
Quais as contas do meu plano que mais tiveram variação? Essas variações são pontuais ou são algo que devo atualizar no meu orçamento? Estou gastando e recebendo de acordo com o que eu esperava? Meu fluxo de gastos está alinhado com minhas prioridades e objetivos de curto, médio e longo prazo?
Esse tipo de análise te move à ação e tende a deixar suas finanças sob controle. Ficará mais fácil evitar, por exemplo, gastos não planejados, e vai te ajudar a identificar o que você deve fazer para atingir seus objetivos financeiros.
Nós da Update Consultoria, desenvolvemos também uma ferramenta simples e visual que chamamos de Canvas das Finanças Pessoais para ajudar nossos clientes e alunos. O Canvas é um complemento ao seu orçamento, ele não só te da a visibilidade de toda a sua vida financeira, mas também te ajuda em todo o processo do seu planejamento financeiro.
Lição 2: Não negligencie a reserva de emergência
Um recurso indispensável em um período de crise é a reserva de emergência. Ela consiste em uma quantia de dinheiro guardado que fica disponível para ser utilizada em momentos de necessidade como gastos imprevistos ou a perda da fonte de renda.
Em resumo, a reserva de emergência serve para trazer segurança e tranquilidade em períodos críticos. O ideal é que o valor dela corresponda a, no mínimo, 6 meses do seu custo de vida. No caso de pessoas autônomas, nós recomendamos considerar um intervalo maior de até um ano!
Você não concorda que durante essa crise, as pessoas que tem guardado um semestre ou um ano de renda com certeza estão em uma situação muito mais favorável e tranquila em relação àqueles que não se prepararam para enfrentar tal situação?
A crise econômica gerada pela Covid-19 só reforçou a importância da existência de uma reserva financeira de emergência. Essa é a grande lição gerada pelo novo coronavírus.
Lição 3: Controle seu consumo
Muitos brasileiros apresentam um consumo exagerado ao longo do mês, que normalmente não condiz com sua situação financeira, e isso é a uma das principais causas das dificuldades financeiras, das dívidas e da escravidão pelo juros.
Claro, sempre bom lembrar que esse consumo desmedido, muitas vezes de simples desejos e supérfluos, já é um problema mesmo quando há aquela falsa sensação de estabilidade financeira, mas em momentos de crise, isso pode ser mortal.
Reduzir compras por impulso, comprar o necessário e adquirir bens e coisas que estão alinhados com seu objetivo futuro, são estratégias indispensáveis para o bom planejamento financeiro.
Cuidado com a influência da mídia, das pessoas que te cercam, da sociedade e do consenso geral de como gastar o dinheiro. Essa pressão invisível com certeza pode te fazer gastar mais e a gastar com o que não devia.
Você sabia que aproximadamente 93% dos receptores sensoriais humanos são dedicados a visão? O que não é visto não é lembrado e isso vale na hora das decisões de compra, por isso outra dica muito legal para reduzir o consumo é ficar longe da televisão, dos aplicativos de compra e da influência da internet.
Outro ponto importante é: durante a crise não tente ficar achando soluções mirabolantes, em muitos casos até mesmo fazendo empréstimos para preservar o estilo de vida! Seja flexível, tenha menos coisas, alugue ou venda tudo que não esteja usando, diminua sua estrutura, seja mais digital, seja líquido e se adapte as novas circunstâncias.
Lição 4: Corte desperdícios
Na dificuldade, quem nunca priorizou encontrar meios e métodos para economizar mais? Esse exercício muitas vezes, mostra gastos que não chamavam nossa atenção no dia a dia, e principalmente mostra que é viável cortar diversas despesas que não faz sentido manter.
Agora, vale perguntar: por que não levar essa lição financeira para a rotina normal? Por que não, durante a “normalidade”, criar o hábito de perceber e reduzir desperdícios no seu orçamento familiar?
Pedir isenção de taxas bancárias, parar de pagar as coisas com atraso e multas, ir menos ao salão de beleza, negociar descontos em de pacote de celular, comer menos fora de casa, ter um carro mais econômico, cortar a TV por assinatura, manter uma lista de compras e evitar desperdícios no supermercado, economizar luz e água em casa, pesquisar preços antes de adquirir qualquer tipo de produto, aproveitar promoções, negociar com fornecedores e fazer você mesmo alguns serviços ao invés de pagar para outro fazer, são apenas alguns exemplos do que pode se tornar um hábito na sua família.
Lição 5: Evite endividamento
Infelizmente, o endividamento é uma realidade muito presente entre os brasileiros. Mais da metade da população costuma ter dívidas com empréstimos, financiamentos, parcelas de cartão de crédito e etc... Além disso, elas correspondem em média a 30% da renda das pessoas. Na prática, significa que um brasileiro já comprometeu quase um terço do seu salário antes mesmo de recebê-lo no início do mês. Se juntarmos esse valor com as projeções de contas fixas e gastos de consumo, fica fácil perceber que a matemática não vai fechar!
Os pagamentos das dívidas e dos parcelamentos podem ser mantidos, ainda que com dificuldades, quando a renda está estabilizada. Mas o que acontece em uma crise? Em diversos casos, o endividamento se transforma em inadimplência e vira uma enorme bola de neve do juro composto, com o agravante de que em momentos de crise, os juros ficam ainda maiores por conta das incertezas e das faltas de garantias que os bancos e as instituições financeiras tem.
Por isso, o melhor é evitar compras parceladas e evitar dívidas. Não só aquelas que são feitas com os bancos ou lojas, mas também a que você faz consigo mesmo quando acaba gastando todo seu salário antes do final do mês. O mundo financeiro ideal é aquele em que seu custo de vida seja SEMPRE mais baixo que sua renda.
Lição 6: Não se acomode a uma única fonte de renda
Lembre-se: você não tem um emprego, quem tem o seu emprego é o seu patrão. E ao menor sinal de crise ou incerteza, ele vai cortar o seu emprego! Sim, crise e desemprego andam juntas. E ficar sem fonte de renda prejudica não só a sua saúde financeira, mas também a saúde mental e vira a vida do avesso como um todo.
Por isso, outro grande aprendizado que a crise nos impõe é a necessidade de diversificarmos a nossa fonte de receita, e não ficar refém de um único emprego ou de uma única fonte de renda.
Use a criatividade, reflita sobre suas possibilidades e veja como criar fontes de renda alternativa, iniciar um negócio em paralelo, preste serviços que tenham a ver com sua experiência e competência, aposte na construção de uma renda passiva. Ou seja, busque ter um plano B e C que lhe ofereçam segurança no caso da sua renda principal ser prejudicada.
Mas se ligue! O que não é recomendado é a pessoa começar, de forma desesperada e sem o planejamento adequado, a empreender por extrema necessidade. Ou seja, iniciar um novo negócio de forma atropelada por não conseguir mais emprego.
Lição 8: Invista seu dinheiro
O primeiro passo é criar o hábito de poupar e construir a sua reserva de emergência, como citado anteriormente, aqueles seis meses do seu custo de vida mágicos bem guardados em um produto de renda fixa que lhe proporcione liquidez imediata, segurança e rentabilidade acima da inflação...
Feito isso, é chegada a hora de conhecer todos os demais tipos de investimentos disponíveis, para que possa aproveitar a rentabilidade das aplicações e começar a fazer seu dinheiro trabalhar para você.
Ah! mas quanto devo aplicar por mês? Devemos perseguir 20% da nossa renda atual, mas até chegar lá, o mais importante é começar a desenvolver o hábito de poupar e investir, nem que para isso você inicie com 1% do valor da sua renda.
E onde investir? No Empoderamento Financeiro nós te ajudamos a montar seu plano de investimentos e te ajudamos a definir como, quando, onde e com quem investir, de acordo com suas metas, objetivos e sonhos futuros. Lição 9: Continue buscando educação financeira
Infelizmente o brasileiro não tem o hábito de se educar financeiramente. Entretanto, nos momentos de crise é que as pessoas costumam buscar mais conhecimento sobre o assunto.
Então, minha última dica é esta: continue investindo na sua própria educação mesmo quando a crise passar. Você pode fazer isso contratando uma consultoria para te ajudar nas suas finanças, através de livros, através do youtube, ou até mesmo através de um curso de finanças pessoais completo e acessível como o Empoderamento Financeiro. Por falar em cursos, desconfie dos cursos que são gratuitos e fuja dos cursos que são muito caros...
E não se esqueça: de nada adianta somente a teoria. É necessário colocar o que aprende em prática o quanto antes! A crise imposta pela Covid-19 não é a primeira e nem será a última, e todas as crises complicam mesmo a nossa vida. Mas, se existe um lado bom delas é que elas podem ensinar! Podem te fazer refletir sobre o que precisa mudar, podem servir para aumentar sua determinação de organizar em definitivo suas finanças pessoais, podem ser uma oportunidade importante para fazer você mudar sua relação com o dinheiro e assim obter mais prosperidade e liberdade na vida.
Sobre o autor: Luiz Mar é Administrador graduado pela UFPR, com MBA em Direção Estratégica e Pós-Graduação em Finanças Empresarias. É criador do Empoderamento Financeiro onde ensina Inteligência Financeira e Investimentos, e do Finanças para Empreendedores onde ajuda pequenos e médios empresários a fazer a gestão financeira dos seus negócios. É profissional da área financeira e há mais de 16 anos trabalha com planejamento financeiro na Mondelez Internacional. Na Update Consultoria, seja virtualmente ou presencialmente, ajuda empreendedores e profissionais com treinamentos, investigação apreciativa, plano de negócios, plano financeiro, planejamento estratégico e finanças pessoais.
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